Segundo o Espiritismo, nem os anjos, nem os demônios são seres à parte; a criação dos seres inteligentes é uma. Unidos a corpos materiais, eles constituem a humanidade que povoa a Terra e as outras esferas habitadas; separados do corpo, constituem o mundo espiritual ou dos espíritos que povoam os espaços. Deus os criou perfectíveis, deu-lhes por objetivo a perfeição e a felicidade que dela é consequência; mas não lhes deu a perfeição; quis que a devessem a seu trabalho pessoal, a fim de que lhe tivessem o mérito. Desde o instante de sua formação progridem, seja no estado de encarnação, seja no estado espiritual, chegados ao apogeu são puros espíritos, ou anjos segundo a denominação vulgar; de sorte que, desde o embrião do ser inteligente até o anjo há uma cadeia ininterrupta, da qual cada elo marca um grau no progresso. Disso resulta que existem Espíritos em todos os graus de adiantamento moral e intelectual, estejam no alto em baixo, ou no meio da escala. Há espíritos, por consequência, em todos os graus de saber e ignorância, de bondade e de maldade.(...)
Chegados a um certo grau de depuração, os Espíritos têm missões em relação a seu adiantamento ; eles cumprem todas as que são atribuídas aos anjos das diferentes ordens.(...) Essa unidade na criação, com o pensamento que todos têm o mesmo ponto de partida, a mesma rota a percorrer e que se elevam por seu próprio mérito, responde bem melhor a justiça de Deus que a criação de espécies diferentes, mais ou menos favorecidas de dons naturais que seriam tantos privilégios.
Trecho dos capítulos VII e IX, do Livro Céu e Inferno de Allan Kardec
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